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Cine girl power: Como o boom das heroínas pode afetar sua vida real

As protagonistas não se realizam mais em “estar” com alguém, mas em “ser”. E a mudança do verbo, acreditem, faz toda diferença

Cate Blanchett deu a letra. Ao vencer o Oscar de Melhor Atriz com “Blue Jasmine” em 2014, a australiana criticou a indústria cinematográfica pela reluta em apostar em mulheres como protagonistas. “O público quer ver mais filmes assim e, na verdade, eles dão dinheiro”, declarou.


Coincidência ou não, o cinema tem trazido mais histórias de mulheres. Quer ver? Em 2016, um levantamento do Center for the Study of Women in Television and Film, da Universidade de San Diego, na Califórnia, apontou um recorde: Este foi o ano com mais mulheres protagonistas entre os blockbusters. Não somos maioria, mas crescemos.


2017 conta com a estreia de “Mulher Maravilha”. 2019 trará “Capitã Marvel”. E já foi anunciado que Marion, a parceira de Robin Hood, terá seu filme solo, com Margot Robbie no papel, nos próximos anos. Claro, todos sabemos que existe um apelo de marketing em meio à onda feminista. Mas, você já se perguntou como essas personagens refletem em nossa sociedade?


Protagonistas de carne e osso

Como explica o psicólogo Alessandro Vianna, personagens são alegorias da vida real, ou seja, inspiradas em mulheres reais, elas provam que o sexo feminino é forte, sim. E, por isso, ajudam a inspirar ainda outras mulheres que se identificam com suas questões. Afinal, as mulheres querem se reconhecer. “[Elas] também mostram aos homens que elas podem ‘salvar o mundo’ com inteligência, por exemplo”, diz.


Quebra do estereótipo


Para a psicóloga Renata Yamasaki, um dos pontos mais positivos desse “boom” das heroínas é que as mulheres passaram a ser retratadas além dos estereótipos ultrapassados e sexistas. Hoje, vemos um universo feminino mais bem representado com heroínas, políticas e/ou mães. “Sem o ‘peso’ de ser mulher, cria-se a visão de que há satisfação em ser do seu jeito, ter uma personalidade, gostos e habilidades”. Ou seja, a mulher ganha individualidade -- e, por isso, maior pluralidade de retratos. Não há uma só maneira, ou a maneira correta, de ser mulher.


Contos de fadas

Uma história que cansamos de ver nas animações é a da princesa à espera (ou na caça) do príncipe encantado. Não é à toa que muitas mulheres cresceram fixadas na busca do homem perfeito como sinônimo de felicidade. Hoje, desenhos como “Valente” e até mesmo o live-action de “A Bela e A Fera”, têm uma pegada mais independente, e, portanto, impacto positivo nas garotas.


Em "Frozen", por exemplo, a saída para as questões das irmãs Elsa e Anna está no amor entre as duas e não no príncipe. “Percebo que a principal mensagem passada para as crianças é de uma mulher mais forte, capaz e menos dependente da figura masculina”, diz Alessandro.


Segundo Renata, essa mudança altera a percepção das meninas do papel da mulher no mundo. “Quando nossas meninas assistem uma animação em que a princesa não fica só na torre do castelo, esperando o príncipe chegar, elas entendem que a satisfação de suas vidas está em ser 100% aquilo que elas nasceram para ser”, comenta Renata. Ou seja, elas percebem que a realização não é estar com alguém, mas ser alguém. E a mudança do verbo, acreditem, faz toda diferença.


Da tela pro mundo real

Uma personagem bem escrita tem o poder de fazer você se identificar com ela, seja na força ou na dor. “Mesmo que não tenhamos superpoderes, temos a habilidade de aplicar aquela motivação em nosso dia a dia", reflete Renata.

Os homens


são atingidos pelas personagens nos cinemas? Para eles, gênero importa muito. Ver uma heroína traz alguns questionamentos para os homens, que costumavam entender a mulher como frágil. “Tenho atendido muitos homens angustiados com essa transição. Principalmente por não saberem como lidar com o ‘novo’ papel da mulher na sociedade”, comenta Alessandro.


A maioria também ainda não consegue se identificar com uma protagonista simplesmente porque sempre tiveram a seu dispor, em todos os filmes -- seja ação, aventura, política, drama e por aí vai -- um homem, principalmente, branco.


“Eles ainda sentem uma separação, como se um filme como ‘Mulher Maravilha’ fosse filme de mulher. Então, o aumento da representatividade feminina na indústria do cinema é um bem para todos”, opina Renata. É por aí: quando uma mulher poderosa for mesmo frequente, não haverá mais motivo para estranhamento.






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