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Endometriose pode ser silenciosa. Você sabia?


O texto da coluna de hoje é um assunto muito importante que atinge muitas mulheres no mundo inteiro, mas ainda é tratado com muito preconceito e falta de conhecimento, a endometriose. E quem fala com propriedade sobe o tema é Ginecologista e Obstetra, Alfonso Araújo Massaguer. Confira!

Por Alfonso Massaguer

Toda semana vejo pelo menos uma mulher que se surpreende ao ter o diagnóstico de endometriose. A frase é algo do tipo: “como posso ter endometriose se não sinto dor?”. A dor é apenas um dos sintomas que pode aparecer junto com a endometriose. É importante ficar atento a outros sinais já que muitas mulheres podem não ter dor, mesmo durante a menstruação, e terem a doença.

Geralmente é a dificuldade para engravidar que leva a mulher a pesquisar sobre a possibilidade de ter endometriose. E neste momento, sintomas tidos como normais, começam a ser mais valorizados. Alterações urinárias ou intestinais, como obstipação ou diarreia, aparecem muitas vezes dependendo do período menstrual. Assim como urinar mais ou menos vezes, ter sangue na urina ou fezes e ter infecções urinárias recorrentes.

Os sintomas são muito variados e mesmo a intensidade e localidade da dor diverge de paciente para paciente. Algumas relatam dor apenas durante o período menstrual, outras de uma dor lombar crônica e desconforto durante a relação sexual. Fadiga, cansaço e intestino e bexiga “irritados” também fazem parte dos sintomas que as mulheres e seus médicos devem ficar atentos.

A endometriose é uma doença em que o tecido similar ao do interior do útero (endométrio) se projeta para outros órgãos do corpo, mais comumente localizados na pelve. Ovários, trompas, parte de trás do útero, ligamentos uterinos, bexiga e intestino costumam ser as partes do corpo mais afetadas pela endometriose. Porém, há relatos de casos em que os pulmões, fígado e diafragma foram acometidos pela doença.

Alguns estudos revelam pouca relação entre o tamanho e local das lesões causadas pela endometriose e a intensidade da dor sentida pela paciente. Isto quer dizer que mulheres com quadros avançados de endometriose podem sentir pouca ou nenhuma dor e mulheres com muita dor, podem ter poucos ou raros focos da doença.

Da mesma maneira, parece ter pouca relação a intensidade da dor e a fertilidade da mulher. Ou seja, é preciso desmistificar: mulheres com muita dor podem engravidar com facilidade e outras que sentem pouca dor podem não engravidar facilmente.

Estima-se que a incidência da doença seja maior que 10%. Nas mulheres com dor pélvica crônica, a endometriose é a causa em aproximadamente 75% dos casos. E em mulheres com problema para engravidar, esse índice chega a aproximadamente 50%. Isso quer dizer que quase metade das mulheres que tem problema de fertilidade costumam ser diagnosticadas com endometriose.

Para o diagnóstico analisar os sintomas e fazer um exame físico durante a consulta podem ajudar, porém são necessários exames complementares como o ultrassom transvaginal (de preferência com preparo de esvaziamento do intestino e ultrassonografista experiente) e ressonância magnética de pelve com marcadores como o CA 125.

Vale lembrar que em alguns casos os exames têm resultados normais e a endometriose é diagnosticada apenas em cirurgia, a laparoscopia. Nesse procedimento é colocada uma câmera no interior do abdômen por meio de uma pequena incisão de 1 cm no umbigo. A cirurgia é indicada para as mulheres que continuam a relatar dores mesmo quando outras doenças já foram descartadas. É a única maneira de termos um diagnóstico correto do problema. A inserção da câmera permite também que as lesões suspeitas possam ser retiradas para análise microscópica.

Os tratamentos para endometriose são variados, dependem dos sintomas e se há ou não o desejo de uma gravidez no futuro. Pílulas anticoncepcionais, bloqueadores hormonais e progestógenos em comprimidos, implantes hormonais ou em um DIU (dispositivo intrauterino) podem ser utilizados. Em casos em que nenhuma dessas soluções funcionam, sugere-se a cirurgia ou técnicas de reprodução humana para as mulheres que querem ser mães.

Veja o conteúdo publicado no blog Macetes de Mãe.


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